Publicamos aqui um relato da Assembleia Geral do IFCH, conforme a experiência pessoal das pessoas mencionadas no documento.
— Johnny: representante do CAFIL na mesa.
A assembleia começou por volta das 18h com 30 minutos de atraso. A falta de organização da mesa, de maneira geral, resultou na ausência de uma pessoa pra escrever a ata da assembleia, o que gerou ainda mais atraso.
Informes foram dados acerca do ato do dia 11/05 que vai ocorrer. (Não lembro nem onde e nem sobre o que: acho que sobre a paralisação do mesmo dia); sobre o segundo congresso da ANEL; sobre uma exposição/palestra organizada para expor a vida/obra do Edmundo [segundo nome dele]; e outros que não me lembro.
As falas foram abertas e o CAECO fez uma fala maior sobre as discussões de festas que eles estavam tendo lá. A fala deles foi na direção de que as festas deveriam ser organizadas e pensadas de maneira geral na Unicamp, por diversos CAs e pelo DCE.
Em seguida, um representante dos ambulantes deu um parorama sobre a atual situação das festas. Segundo ele, antigamente só haviam quatro ambulantes, conhecidos dos estudantes, que vendiam seus produtos nas festas para garantir o sustento de suas familias, além de se preocupar com o espaço no pós festa, pegando seus respectivos lixos, etc. O que aconteceu foi que, a notícia do evento se alastrou entre os ambulantes “de fora”, e o número foi aumentando, alcançado, por relatos, cerca de 15 ambulantes atuando nas vendas. Além disso, o ambulante falou acerca da causa que ele entende ter sido movente do processo que constituiu o estado atual da festa: cartazes da Marcha da Maconha espalhados pelos mais diversos lugares com o nome do IFCH atrelado à eles. A partir disso, o ambulante entendeu ter sido esse o “convite” para os mais diversos grupos de periferias, incluindo traficantes, aparecerem nas festas, apenas com a perspectiva de venda e compra de drogas. Ele também se mostrou solícito a conversar com os estudantes para que a situação dos ambulantes fosse “normatizada” – ou seja, se mostrou aberto, como representante dos ambulantes conhecidos, para qualquer tipo de diálogo.
Após isso, as falas se seguiram quase que, implicitamente, fazendo propostas muito parecidas, que estavam entre o espectro da realização de festas muito melhor organizadas, com segurança realizada pelos estudantes, ou privada, se fosse o caso, para tentativa de um evento realmente politizado, etc., e a composição de um estatuto para tentativa de legalização de festas em um diálogo com a reitoria.
Quando fiz minha fala, chamei atenção para o esquecimento, dos demais estudantes, do real problema que nos aflige imediatamente: as autofestas, em sua dinâmica atual própria, fora do controle dos estudantes – como lidar com o problema de segurança nas atuais festas que se seguem, onde, a qualquer momento, alguém pode morrer. Foi uma tentativa de trazer o debate pra algo mais palpável e efetivo, porém, minha fala foi a única que foi nesse sentido, posteriormente, o problema das autofestas foi esquecido em prol das nuances que foram ditas acima.
— Eric:
Vou falar o que aconteceu depois que eu cheguei, 19:30
A assembleia deliberou sobre a criação de uma comissão para elaboração do estatuto de festas, que seria votado em uma posterior assembleia do IFCH e apresentado às outras entidades estudantis.
Foi deliberado a formulação de um documento a ser elaborado pela mesma comissão do estatuto, em diálogo com os ambulantes cujo propósito [Johnatas] pareceu ser a tentativa de uma “normatização” da presença ou não de tal e tal ambulante. Aparentemente, o propósito mesmo só será tirado dentro da discussão da comissão de elaboração do estatuto.
Foi deliberado a organização de uma festa.
Em seguida, a votação iria ser no sentido de decidir o tema da festa. Havia duas propostas:
– Festa contra o PIMESP com tema afro e lucro revertido para o fundo de greve das UNESPs e UEG.
– Festa junina contra as opressões e casamento LGBT
A partir desse momento houve bastante discussão. Foi levantado que a destinação do lucro da festa deveria ser votada de forma separada, o que foi feito.
Depois das defesas a respeito da destinação dos lucros da festa, o Eduardo pediu a palavra em defesa da abstenção. Seu argumento é que isso não poderia ser votado visto que nem havia sido decidido se a festa arrecadaria lucro ou não e que esse tipo de decisão deveria ser atribuição da comissão da festa.
A abstenção obteve maioria dos votos e a partir daí se instaurou uma confusão.
–Eduardo
Minha participação na assembléia foi mais ou menos a seguinte: no início dos encaminhamentos, pedi algumas explicações acerca de, por exemplo, quantas e exatamente quais comissões seriam formadas, provavelmente para saber se deveria me inscrever na primeira comissão que aparecesse, ou esperar; quando o encaminhamento passou para o ‘caráter’ da festa, pedi novo esclarecimento, pois eu retivera das explicações anteriores que essa discussão (e posterior decisão) ficaria a cargo da comissão de festas; por fim, quando puseram em votação o caráter da festa juntamente com o envio das ‘verbas arrecadadas’ para onde quer que fosse, resolvi me abster e convidei todos a fazerem o mesmo. infelizmente, não consigo reproduzir com suficiente fidelidade a minha defesa de abstenção, mas não fugiu muito do que os relatos apontam.
–Newton:
Vou começar a partir da proposta se a festa seria contra o PIMESP ou festa junina com casamento LGBTT. Depois de debate, houve a proposta de ter duas festa ou uma, ganhou por contraste a proposta de ter uma festa. Depois disso, foi votado o caráter e tema da festa: com isso foi unido as duas proposta de fazer uma festa junina com casamento LGBTT, e contra o PIMESP e que A VERBA DA FESTA IRIA PRO COLETIVO DE GREVE DA UNESP. A partir daí o caos começou a ocorrer, pq uma menina era contra a verba ser destinada ao coletivo de greve, eu sugeri q fosse destinada para a comissão que vai estabelecer o estatuto da festa decidir sobre isso, mas depois retirei a minha proposta, porque era diferente da menina e iria divergir numa coisa que poderia convergir. Seguiram as defesas de propostas, e no final o Dú pediu a palavra para defender e esclarecer o significado da abstenção. Não lembro exatamente o que ele disse, e peço pra ele me corrigir, se eu falar algo errado, e complementar se faltar algo, mas pelo que eu lembro ele disse que a abstenção teria o sentido de que tal proposta não deveria ser decidida em Assembléia, mas em outra instância, talvez a comissão de festa ou a propria organização da festa. Ou seja, ele deixou claro q nao era uma proposta, mas q se entendia na abstenção uma suspensão de juízo da assembléia sobre o caráter da festa, pois até mesmo nas primeiras falas um indivíduo falou que uma proposta para os problemas das festas seria a de fazer festas sem lucros. Pois bem, o que ocorreu: ganhou a abstenção!!!! A partir daí reinou um monte de fala tentando “esclarecer”, mas em geral havia dois grupos, um que afirmava que a fala do Dú era uma outra proposta, e outra (a qual eu me incluo) de que a fala do Dú não era uma outra proposta, mas sim um esclarecimento da abstenção e uma defesa de voto na abstenção. Colocou-se a proposta de votar novamente a mesma coisa. Eu disse que isso seria anti-democrático, pois voltaria a uma votação que já tinha dado vitória a abstenção inclusive no qual se tinha esclarecido a todos o que significa essa abstenção. A mesa colocou então a proposta se a festa seria lucrativa ou não. Ganhou a proposta de que teria sim lucro. Depois voltaram no ponto para saber para onde a verba arrecadada da festa iria. Aí eu interferi falando que isso não deveria ser votado novamente. O Dú também se manifestou, e também o Dalmiro, falando que a festa não poderia ter o caráter de ser contra o PIMESP tendo em vista que isso não foi discutido numa assembleia do IFCH, mas sim do CACH. Quando o Dú foi falar novamente eu vi duas pessoas falando “já vai começar o manobrista”. A mesa entendeu que era pra ela, mas eu vi que era pro Dú. Enfim, a mesa encaminhou uma votação para saber se voltava ao ponto ou não. Ganhou a proposta de voltar ao ponto de se a festa converterá o lucro para o coletivo de greve da UNESP. A mesa depois falou que não admitia que ela fosse chamada de “manobrista”. Eu depois interferi e disse que o “manobrista”, não foi para a mesa, mas sim para o Dú, e que agora estava claro quem estava manobrando o quê lá. E me retirei da assembléia, depois de recusar falar com uma menina que toda alterada vinha falando comigo assim “Sabe por que foi manobra? Sabe?” Eu disse que tinha que beber água, e não voltei mais para lá.. Bem, foi essa a minha experiência da assembleia. Depois fiquei sabendo rolou mais coisas, mas eu já não estava mais lá.
— Johnny: representante do CAFIL na mesa.
Como os detalhes dos encaminhamentos dos momentos seguintes já foi mencionado pelos outros comentários, vou rapidamente falar o que foi aprovado pela assembleia e os momentos finais dela.
Foi tirada uma comissão para realização do estatuto de festas para tentar dialogar com a reitoria para uma futura legalização das festas; foi tirada uma festa a ser realizada na terceira semana de junho, na qual a arrecadação irá para o fundo de greve das UNESPs e da UEG; foi tirada uma comissão para organizar essa festa que terá como tema os opressões, sendo realizada como uma festa junina afro, com casamento LGBT na quadrilha. A ultima deliberação foi acerca do prazo de entrega do estatuto e da assembleia para aprovação de tal: duas posições foram colocadas, uma deixando a data para ser recidida pela própria comissão, outra colocando como limite a terceira semana de junho para elaboração do estatuto. Nesse caso, a primeira proposta venceu.
Os momentos finais da assembleia foram seguidos por mais uma fala do ambulante seguida do encerramento de uma das componentes da mesa. O ambulante quis saber qual o parecer dos estudantes acerca dessa quinta-feira – e como nada foi discutido a respeito disso, como já foi dito acerca da negligência de se resolver esse problema imediato – os estudantes disseram que nada foi tirado sobre esse assunto e que qualquer medida não teria o aval dos estudantes.
No encerramento, uma das componentes da mesa explicitou seu descontentamento acerca dos modos que a assembleia se deu acerca de abordagens e comportamentos que, para ela, soaram machistas e desnecessários.